quinta-feira, 6 de março de 2014

JEJUM QUARESMAL ::::: REFLEXÃO

Posto aqui um texto que fiz para a Revista GodZine, que será lançada na 2ª quinzena desse mês, que espero que seja útil para a vossa reflexão. Abraço e santa Quaresma!

Um jejum para o nosso tempo
Antonio João do Nascimento Neto, SDB
É chegado o período quaresmal. Aos que já sabem, perdoem-me, mas não custa dizer o que esses dias querem significar: a palavra ‘Quaresma’ faz referência a um período de quarenta dias (iniciados na Quarta-feira de Cinzas) em que o cristão deve intensificar sua vida de fé, acompanhando mais de perto mistério da Paixão e morte de Jesus em preparação para vivenciar bem a solenidade da Páscoa. Para que o sentido desse tempo litúrgico seja bem assimilado e consequentemente bem vivido, o fiel deve propor-se alguns chamados “exercícios do espírito”, mais conhecidos por ascese. Essa palavra é muito cara à nossa tradição católica, pois desde os primórdios, tem sido via santificadora a muitos. O próprio Jesus Cristo praticou ascese e também tantos e tantas ao longo da história da nossa Igreja.
Bem, com isso quero falar de um aspecto da via ascética que é colocado em evidência nesse período da Quaresma: O JEJUM. Se você já o pratica, que bom! No entanto, contata-se que nem todos saber o sentido real e o que, de fato, fala a Igreja sobre o jejum. O §1438 do Catecismo da Igreja Católica coloca o jejum dentro do que ele chama de “privações voluntárias”, o que nos leva a entender que ele é uma prática penitencial – em reparação dos nossos pecados – e, no §2043, afirma que práticas como o jejum “contribuem para nos fazer adquirir o domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração”. A privação constituinte do jejum não encontra seu fim em si mesma, mas é um meio para que se alcance outras conquistas, como a de criar condições para que se possa viver os valores transcendentais, como misericórdia e profunda fé.
Se nos ativermos a essas definições, perceberemos que não há nenhum exagero no que realmente fala a Igreja sobre o jejum, pois como lemos no Evangelho “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que vem da boca de Deus” (Mt 4,4). A prática do jejum não pode ser algo pesaroso ou enfadonho, mas deve ser vivência alegre e autêntica daquele(a) que busca a santificação.
Mas como se dá o jejum? Acompanhemos no infográfico.

Bem, na nossa sociedade globalizada, nascemos imersos na prática consumista e não nos damos conta do perigo que essa pratica representa ao cristão. Pois ela nos envolve em uma rotina que não nos permite pensar em termos como ‘privação’, porque os abomina. Mas são justamente termos como esse supracitado que estão contidos na proposta de Jesus e que são aconselhados pela Igreja para todos os seus membros.
Para nosso tempo, o tempo do consumo como parte da cultura, há uma grande distância entre a rotina e a pratica do jejum. Então, porque não começarmos exatamente nosso jejum no centro da cultura vigente e diminuirmos essa pratica consumista? Seria interessante observar também os teus supérfluos; se os tem, doa a quem não tem; se tens 2 e, se 1 te é necessário, entrega o que não te é necessário a quem precisa. Jejuemos das desnecessárias compras! Diminuamos o que é nosso, aumentando o que é dEle. Ao invés de passares 2 ou 3 horas nos centros comerciais, desvia o caminho para a igreja e coloca-te em oração, pedindo perdão pelos pecadores. Pratica esse jejum, depois parte ao verdadeiro, o da privação de alimentos, te será uma via gradativa e beneficente.
Não seria o jejum um bom primeiro passo para nos aproximarmos ainda mais de Jesus nesta Quaresma? Não seria um grande benefício para nossa santificação praticarmos essa privação voluntária e nos assemelharmos de Jesus, que também jejuou e o fez pela nossa salvação? Ele merece e nós precisamos!
O verdadeiro jejum vai além da simples prática e requer mudança de comportamento, a começar de dentro para fora, numa direção ascendente e transcendente. Falei difícil? Explico: não adianta a prática ascética sem que ela contribua para a sua conversão.

Pratique jejum, seja cada vez mais santo, mude!